quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Término. Ou recomeço?

Ele era tão pesado para ela. Tão desesperadamente asfixiante. As necessidades dela eram suprimidas em função de tentar obter dele um aceno de satisfação. Uma busca incessante pelo seu afecto e aceitação… Elisa amou-o de uma maneira descontrolada. Mas nada era suficiente; ele nunca correspondia da maneira que ela desejava. E ela sabia que Duarte se sentia tão asfixiado como ela… Com tanta dificuldade em se mover como ela. Preso em areia movediça. Ele tentava-se esforçar, mas não via o porquê de o fazer. No fim, haveria sempre algum problema que traria por água os esforços dele em tentar parecer mais… humano. A humanidade de Duarte perdeu-se algures com a sua infância. Ou talvez nunca tenha tido essa característica, não se sabe. Para ela era estranho alguém não sentir compaixão da mesma maneira avassaladora que ela sentia mas… Elisa admitia que era de ímpetos e chamas violentas. Nada nela era calmo e sossegado e ela era uma fera difícil de domar.
Elisa sentia pena por a relação não ter resultado. Não porque ela ainda o amasse, não, ela sabia que aquele amor que vinha em tsunamis violentos já se tinha sumido e reduzido a uma pequena ondulação… Não o amava, não o queria, não o desejava sequer.
A base da relação deles, o desejo, sumiu-se. Ela via-o como ser humano que Duarte era, e não como objecto do seu desejo que ele tinha sido outrora. Com um misto de emoções, que Elisa nem sabia bem identificar, ela afirmava que tinha sido bom, enquanto tinha durado. Apesar de tudo, a relação não tinha durado até ela ter acabado. Infelizmente, eles já estavam acabados um pouco antes. Mas ela sabia que ele tinha consciência disso.
                Sentir. Ele sentir coisas. Só a ideia de que Duarte efectivamente tinha sentido dor, provoca-lhe tristeza. Elisa sempre sentira que ele era frágil. Nunca tinha sido intenção dela magoa-lo dessa forma. Elisa recordava-se do olhar dele de dor. E o olhar de dor dele, foi o olhar mais sincero, mais honesto, mais… cru que alguma vez ela tinha visto na vida. 
               O olhar mais cru. Não era falso, como por vezes ambos eram um com o outro. Era um olhar sem qualquer tipo de preparação… Duarte não esperava dela aquela atitude, não esperava que Elisa fosse capaz de terminar a fonte de prazer momentâneo “posso-te mostrar que te amo se me deixares”. Mas foi, e não se arrependeu… Pois ele permitiu-lhe subir um degrau na sua escadaria em busca da maturidade.
 “E… obrigado por isso. Espero que sejas feliz.” , murmurou ela.

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